sábado, 31 de março de 2012

VIAJANTE

Viajei longos caminhos, fui ave errante,
caminheira na estrada do medo,
construí barreiras, lancei dinamite,
fiz das trevas o meu segredo.
Combati dragões, lutei com fantasmas,
escondi meus sonhos na realidade,
criei frustrações, construí esperanças,
vagabundeei na obscuridade da vida.

Fui viajante da estrada do medo,
por ela me arrastei até sangrar,
pisei matagais, espinhos, serpentes,
fechei os olhos ao mundo a florir,
ceguei, ensurdeci à vida a renascer...
Só raiva, revolta e descontentamento
me norteavam (sem saber do norte).
Orientei meu pensamento
para o negativismo a crescer...

Quando quis parar a caminhada
estava perdida na floresta imensa,
povoada de bruxas e fantasmas...
Chorei, esbracejei, gritei por mim,
mas só vi a minha descrença...
Riam-se bruxas, dançavam fantasmas,
chispas de fogo deitavam dragões...
... e no desespero que me assolava
fechei os olhos em busca de ajuda.

Gritei por mim. Não me respondi.
Gritei pela vida. Riu-se de mim.
Gritei pela Paz, gritei pelo Amor
e lá longe o meu eco falava...
Repetiu a Paz, repetiu o Amor.
e pouco a pouco me encontrei...
Fugiram bruxas, morreram dragões,
encontrei a esperança por entre os escolhos.
Desapareceu a estrada do medo!

Cambaleante corri, tropecei, caí,
ergui esperanças, construí caminhos,
descobri amigos, desvendei mistérios!

Hoje sou eu,
fugida das trevas, encontrada de mim
numa rota de luz no dia a florir,
candeia acesa na noite a chegar.

E se Deus me ajudar - na estrada da vida -
serei sorriso, serei confiança,
estrela perdida, mas sempre a brilhar.

(de "Fragmentos de um Percurso Interior")

De Maria La-Salete Sá

3 comentários:

  1. Um belo poema.

    Como é que colocas a música (invisível) logo de incio?

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  2. Boa pergunta! Não sei se te referes à música de Cats, que deveria estar ativa (não me habituei ainda muito bem à palavra depois de "mutilada", mas vou-me habituando...), mas que, não sei como, só aparece se clicar no ícone, ou a uma cantiga que em tempos aprendi no colégio cuja letra começava assim: "Andei longos caminhos, fui vagabundo, buscando a paz, buscando o amor (...)" e que serviu "de mote" para este poema.
    Beijinho e obrigada pelo comentário

    ResponderEliminar
  3. Boa pergunta! Não sei se te referes à música de Cats, que deveria estar ativa (não me habituei ainda muito bem à palavra depois de "mutilada", mas vou-me habituando...), mas que, não sei como, só aparece se clicar no ícone, ou a uma cantiga que em tempos aprendi no colégio cuja letra começava assim: "Andei longos caminhos, fui vagabundo, buscando a paz, buscando o amor (...)" e que serviu "de mote" para este poema.
    Beijinho e obrigada pelo comentário

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