segunda-feira, 23 de abril de 2012

A PARDALOCA E O PÁSSARO AZUL


Não sei bem como se chamava aquele pássaro azul que poisou ao lado do meu ninho, chlireou à minha janela, piscou um dos seus lindos olhos verdes, pavoneou umas penugens douradas sobre a cabeça, abanou a asa, como a dizer-me adeus e... partiu.
Mas era tão lindo, tinha um trinar tão melodioso que me cativou por inteiro. Como disse era azul, a sua fisionomia nada tinha de comum com um pardal, mas o certo é que nunca mais o pude esquecer. Ele permanece ancorado no meu coração. No meu coração e não só. Ele torna-se presente todas as noites nos meus sonhos. Tanto está a olhar-me através da janela, como estamos sentados nos galhos que servem de alicerce ao ninho, como voamos de asas dadas pelo azul do céu.
Sou uma pardaloca, sou castanha e não azul, adoro os meus amigos pardais, mas apaixonei-me perdidamente por esse pássaro azul do qual não sei sequer o nome. E o intrigante é que, quando estamos juntos nos sonhos, nunca nos lembramos de perguntar os nomes, talvez isso nem seja importante. O que importa é a sensação de liberdade que não nos prende apenas aos pássaros dos nossos bandos, nem das nossas espécies. Somos seres alados, somos criaturas do mundo, podemos voar, sonhar, partilhar amizade, sentimentos de paz e harmonia.
Não me vou sequer importar se o Guardião do meu bando me vai censurar, se um dia vier a saber desta paixão que me dá alento e felicidade. Sei que não devo ficar confinada a este espaço, mas que posso voar bem mais longe. Também sei que o farei, porque penso que acabo de descobrir quem é realmente o pássaro azul que preenche os meus mais puros sentimentos. Descobri que ele é a minha alma, é o SER PURO que habita o meu santuário. Pois é, Ele sou Eu, apenas vestida de luminosidade, luminosidade essa que me faz ver-me com outras cores além do castanho de pardaloca. Sou eu em comunhão com o meu ANJO INTERNO que me orienta através dos meus sonhos.

De Maria La-Salete Sá

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