sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ANO LECTIVO DE 1974/75



Acabei o meu curso em Julho de 1974 e a minha primeira escola foi precisamente na minha aldeia. Os alunos eram poucos, 12 no total, divididos pelas 4 classes, 3 na primeira, 4 na segunda, 2 na terceira e 3 na quarta. "Criança crescida" no meio de crianças pequenas, sempre procurei manter um bom relacionamento com os alunos. Sempre que podia ensinava de forma lúdica, ria e brincava com eles. E, como não podia deixar de ser, também participava nas brincadeiras de recreio. Um belo dia, 5 de Fevereiro de 1975, jogava com eles ao mata.
O Alberto, aluno da terceira classe e da minha equipa, estava a fazer batota. Eu olhei para ele e disse:
"Vou-te bater com a bola no rabo para deixares de fazer batota!"
Ele riu-se e, em jeito de malandrice, encolheu-se. Mas, mal eu tinha levantado um pé reparei que uma silva, que tinha descido pelo muro, estava presa nas calças do Alberto e parei para que ela não o picasse. Não sei como fiz, o meu pé esquerdo resvalou, eu caí sobre ele e parti a tíbia e o perónio junto ao tornozelo. Escusado será dizer que ficaram muito aflitos, embora de início tivessem achado muita piada por verem a professora estatelada no chão do recreio.
No dia seguinte fui operada, mas só um mês mais tarde é que pude ir à escola. Contudo, como não havia professor para me substituir, fui dando aulas em casa, mesmo estando doente, com um quadro improvisado numa cartolina preta e os alunos divididos em grupos, duas classes de manhã e duas de tarde..
E hoje, quando encontro algum desses alunos (já todos casados, uma aluna já com um neto!) eles sempre relembram este episódio e falam com saudade e ternura dos tempos em que os ajudei a crescer e com eles cresci.

De Maria La-Salete Sá

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