domingo, 16 de setembro de 2012

" NUMA PRADARIA ENCONTRAM-SE DOIS CAVALOS"



O cavalo Roberto e a égua Carlota formavam um lindo casal. Desde a infância se tornaram amigos inseparáveis. Saltavam, brincavam e relinchavam no prado, faziam tropelias, brincavam com as margaridas do rancho Margarida, mas sempre com muito respeito por essas flores que nasciam e cresciam espontaneamente no prado. As suas brincadeiras com as flores resumiam-se a ver quem conseguia trotar ou galopar à volta do local onde elas despontavam sem as pisar, sem as magoar, sem as estragar. E não é que as flores entendiam a linguagem dos cavalos? Assim, sempre que um deles se aproximava mais perigosamente, elas abriam-se mais em luz e cor, como que a dizer-lhes «Cuidado! Nós estamos aqui!...». e, se por algum descuido, uma delas se despencava do caule, logo o Roberto a colhia com mil cuidados, a acariciava e oferecia, como prova de  amor e dedicação, à sua amiga Carlota (isto, porque ele sabia que a Carlota já não era apenas a potra amiga, mas algo mais, era a potra por quem se sentia apaixonado e sabia também, mesmo que ela ainda não o tivesse dito, que era correspondido nessa paixão.) Quando, como disse, a colhia para oferecer a Carlota, a doce margarida ficava feliz, até se esquecia da dor de ter sido cortada, pois sabia que iria mergulhar na água pura e enfeitar uma linda jarra na estrebaria, junto à cama da Carlota.
Passaram uns dois ou três anos nestas brincadeiras/namoro, até que resolveram casar. E, desse casamento, nasceram mais dois belos potros que agora, pequeninos, corriam e relinchavam alegres por esse prado onde os seus pais tanto namoraram, tanto se amaram e tanto se amam ainda. E é uma alegria ver com que doçura, todos os dias esses pais cavalos olham embebecidos os seus rebentos, Rebeca e Rocinante, sabendo que um dia as suas crias queridas serão cavalos importantes!

Nota: Nem Carlota, nem Roberto sabem que já viveram noutros tempos, nem sabem tampouco que o tempo pode ser parado e mudado, senão já sabiam que o seu potro Rocinante já foi um cavalo muito importante, já sabiam que este foi o cavalo de D. Quixote (aquele que dizem ter sido um lunático maluco, só que não foi… quem diz não sabe que ele foi um cavaleiro fabricante de sonhos e de magia!!!...). e, tal como o seu dono e ilustre cavaleiro, Rocinante também foi um cavalo que sonhou e desenhou poesia por onde passou!

E, nas brincadeiras pelo prado, Rocinante faz versos às flores,  desafia Rebeca com rimas… não será que teremos de volta o Rocinante poeta?

De Maria La-Salete Sá

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