segunda-feira, 1 de julho de 2013

SERÁ QUE MARGARIDA SONHOU?...


Ontem o dia esteve quente, tão quente que, sendo primavera mais parecia verão. Talvez devido ao calor, Margarida sentiu-se mais cansada do que habitualmente, razão pela qual, depois da usual caminhada pela beira mar, feita sempre ao final da tarde, mal chegou a casa descalçou-se e foi direitinha para o terraço. Ficou uns instantes absorta a olhar o mar, sem tampouco saber em que estava a pensar. E, de repente, como que acometida de um cansaço inusitado, deixou-se cair na sua cadeira predileta, não só para descansar, mas para tentar descobrir o porquê dessa súbita nostalgia que, vinda não sabia de onde, nela se alojara com toda a intensidade.

E, mal se perguntou a que se devia tal acometimento, de imediato lhe vieram as memórias (há muito tempo quase esquecidas) da sua infância.

Margarida pensava, pois, na sua infância… 
Que saudades! Que saudades do tempo em que acreditava nas fadas, nos duendes… Que saudades do tempo em que ela brincava e conversava com eles (embora num diálogo-monólogo), que saudades do tempo em que lhes dava vida!...
E assim sentada na sua cadeira predileta, embrenhada nestes pensamentos, a protagonista desta aventura fechou os olhos e… partiu rumo ao seu mundo (aparentemente) esquecido. E que aventura, meu Deus!...
Entrou no jardim, no jardim onde, quando menina, “via” uma fada em cada flor, um duende ou outro ser minúsculo a tratar dos canteiros, “ouvia” um raio de sol a saudá-la, corria por entre as árvores tentando alcançar as borboletas (que às vezes se transformavam em lindas meninas esvoaçantes, ou em pérolas de luz colorida escondendo-se e brincando por entre as folhagens …)
Mas, para seu espanto, nesse jardim onde estava a Margarida-mulher também estava a Margarida-criança. Que feliz se sentia a Margarida correndo e brincando com a Margarida! Brincaram, brincaram, brincaram, até que a Margarida-menina, já cansada, depositou nas mãos da Margarida-mulher três flores para que jamais duvidasse que a magia está presente na vida, basta acreditar.
E Margarida sorriu. Embora já acordada mantinha os olhos fechados como que a “saborear” o delicioso sonho que tivera enquanto dormitara na sua cadeira predileta!
Só que… mal abriu os olhos… nem queria acreditar no que via! Segurava nas mãos três margaridas, as mais lindas margaridas que alguma vez já tivera oportunidade de ver! E, para completar o seu espanto, das flores saíram minúsculos seres alados que voaram até desaparecerem no horizonte!

SERÁ QUE MARGARIDA SONHOU?!...



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De Maria La-Salete Sá (29/04/2013)

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