terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ÉBRIA



Um copo! – Que líquido turvo este!
Não gosto dele! É amargo!
Mas vou bebê-lo!
Um gole! Outro! Mais outro ainda!
Assim! Horror! Sabe tão mal!
Que licor é este? Fel?!
Talvez! É tão ruim! Não gosto dele!
Mas... mais um copo!
E, de um trago, bebi-o todo!
Mais! É mal saboroso,
Mas quero mais!
Uma garrafa será melhor!
Riam-se! Riam-se de quem chora,
De quem canta amargurada
O efeito deste álcool amargo...
Bêbeda – dirão – Sim...
Ébria...
Ébria!... Ébria?! – foi o que disse?!...
Ah! Sim, é verdade!
Bebi muito! Do tal líquido escuro
E amargo...
Bebi demais do licor de sabor a fel...
Foram copos e copos,
Garrafas e garrafas de angústia...
Não sei como arrastar-me vida fora...
Caio... Choro... Canto amargamente a minha tristeza...
Mas não liguem...
Bebi demais...
Ébria...

De Maria La-Salete Sá

(28-12-1972)



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