segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DÁDIVA DE AMOR


Ele caminhava sozinho na rua… Caminhava e ia olhando em redor como perscrutando um olhar mais atento, uma alma mais sensível, uma pessoa a quem se pudesse dirigir sem pudores. Fixou-se na primeira transeunte e pediu «quarenta cêntimos para tomar um café…».
Pediu, olhou e…sentiu-se ignorado.
“Este não passa (assim pensou ele, tentando entrar no pensamento de quem o ignorou) de mais um indigente, de mais um desses sem abrigo que deambulam pela cidade. Talvez no pensamento desta transeunte (pensou ainda) seres que mendigam podem nem sequer ser considerados gente”.
Passou outra pessoa.
Timidamente abeirou-se e fez o mesmo pedido, continuando a pensar que voltaria a ser ignorado.
Mas não, desta vez não. A senhora respondeu:
«Espere, se eu tiver eu dou. Deixe-me só ver.»
Ele parou na expectativa, ela vasculhou a carteira e…verificou que tinha deixado o porta moedas em casa. Ao aperceber-se da situação, fixou-a por momentos e disse:
«Não tem, não pode dar, pois não?» E sem dar tempo a que ela respondesse virou costas e seguiu rua fora.
E a mulher que queria ajudar e não ajudou… ficou com esse mendigo no coração, mas com um sentimento de frustração, de vazio, por não ter ajudado como queria... Mas também pensou que… não tendo ajudado monetariamente, talvez tivesse dado a ajuda necessária naquele momento, porque uma palavra, um sorriso, um afeto… um pouco de atenção… tudo isso é doação de amor e amor é sempre ajuda, é sempre uma ternura para quem deambula solitário pelas ruas da cidade.
E… finalmente sorriu


De Maria La-Salete Sá

Imagem da net

(30/11/2015)

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