Pediu, olhou e…sentiu-se ignorado.
“Este não passa (assim pensou ele,
tentando entrar no pensamento de quem o ignorou) de mais um indigente, de mais
um desses sem abrigo que deambulam pela cidade. Talvez no pensamento desta
transeunte (pensou ainda) seres que mendigam podem nem sequer ser considerados
gente”.
Passou outra pessoa.
Timidamente abeirou-se e fez o mesmo
pedido, continuando a pensar que voltaria a ser ignorado.
Mas não, desta vez não. A senhora
respondeu:
«Espere, se eu tiver eu dou.
Deixe-me só ver.»
Ele parou na expectativa, ela
vasculhou a carteira e…verificou que tinha deixado o porta moedas em casa. Ao
aperceber-se da situação, fixou-a por momentos e disse:
«Não tem, não pode dar, pois não?» E
sem dar tempo a que ela respondesse virou costas e seguiu rua fora.
E a mulher que queria ajudar e não
ajudou… ficou com esse mendigo no coração, mas com um sentimento de frustração,
de vazio, por não ter ajudado como queria... Mas também pensou que… não tendo
ajudado monetariamente, talvez tivesse dado a ajuda necessária naquele momento,
porque uma palavra, um sorriso, um afeto… um pouco de atenção… tudo isso é
doação de amor e amor é sempre ajuda, é sempre uma ternura para quem deambula
solitário pelas ruas da cidade.
E… finalmente sorriu
De Maria
La-Salete Sá
Imagem da net
(30/11/2015)
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